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Deu bandeira

Em janeiro de 2016, durante as minhas férias da PUC de Santiago (Chile), onde eu atuava como leitora, fiz uma viagem (a trabalho) para Cuba. Fui com um grupo de professores que atuaria no Programa Mais Médicos nas cidades de Holguín e Havana.

Fiquei em Holguín, mas durante os fins de semana, viajávamos pelas praias e localidades vizinhas. Na última semana, fomos até Santiago de Cuba e, também, para Havana.

Tenho um irmão que é colecionador de bandeiras – símbolos dos países – e, sempre que viajo a algum país que sei que ele não tem a respectiva bandeira ainda, compro para presenteá-lo. É um irmão muito querido. Quando nosso pai morreu, foi quem estendeu as mãos para me ajudar nos meus apertos. Eu tinha apenas 18 anos, mas não me esqueço disso.

Durante essa viagem a Cuba, num dos passeios, pedi ao coordenador do grupo que guardasse uma bandeira de Cuba que eu havia acabado de comprar para presentear ao meu irmão que mora no Espírito Santo; nem me lembro mais o motivo para solicitar que a bandeira recém-comprada fosse guardada; apenas sei que ela foi guardada pra mim.

O tempo foi passando. Terminei meu período de leitorado no Chile, voltei para o Brasil, fiz inúmeras coisas, inclusive duas viagens à África Ocidental, até que em fevereiro de 2020, perguntei ao meu irmão (colecionador de bandeiras) quando viria a BH, para eu entregar a ele alguns presentes. À época, eu imaginava que estava com a bandeira “original” de Cuba. Ledo engano… Mas, de qualquer forma, eu tinha outras cinco bandeiras, trazidas da África Ocidental para presenteá-lo e não me preocupei em conferir o tamanho da bandeira de Cuba que estava no pacote. Muito tempo depois foi que me dei conta de que não era a comprada especialmente para presenteá-lo, mas a que comprei para ter em casa mesmo, como lembrança da viagem.

Nesse interregno, o coordenador daquele evento de 2016 lá em Cuba, havia dado a bandeira de Cuba (que ele guardara para mim!) de presente para uma colega de trabalho. Ao ser lembrado, por um pedido meu para que me entregasse a bandeira de Cuba, de que o item em apreço não era dele, pediu de volta a bandeira a essa colega de trabalho, pois o presente não lhe pertencia… Rs.

E segue o tempo de maneira inexorável… Em janeiro deste ano, esse mesmo coordenador encontrou a bandeira “dobradinha” na casa dele e contatou comigo, informando sobre todo o ocorrido até ali.

Enquanto isso, um dos sobrinhos (do lado do meu pai) veio até a mim e pegou o pacote com as bandeiras que eu havia comprado há alguns anos para presentear ao meu irmão e as levou para o Espírito Santo e as entregou a ele. Inclusive a minha bandeira pequetita de Cuba…

Em julho deste ano, houve uma primeira tentativa do coordenador, lá de 2016, devolver a bandeira para mim, mas não teve como, devido às nossas vidas corridas.

Finalmente, no primeiro dia deste mês, a bandeira de Cuba comprada por mim em janeiro de 2016, foi por mim recebida, aqui, em Belo Horizonte. Dobradinha e dentro de uma sacolinha como se fosse um presente para mim. Agora sou eu quem vai ter que pedir o presente de volta, mas ao meu irmão. Afinal, eu passei a minha bandeira pequetita no início deste ano pra ele. Antes, porém, conversamos muito sobre essa bandeira de Cuba…

A bandeira de Cuba é com apenas três cores. Tem um triângulo vermelho à esquerda com uma das pontas voltadas para o dentro da bandeira. No meio do triângulo, uma estrela branca com cinco pontas. O restante da bandeira são listras em azul e branco, sendo três azuis e duas (centrais) brancas, todas elas dispostas horizontalmente. Eu a considero muito bonita. Acredito que meu irmão também e, talvez, por isso mesmo, agora que tenho em mão a “original”, comprada por mim para presenteá-lo, quem sabe ele aceita fazer uma troca comigo, entregando-me a que recebeu este ano, que é bem pequena em comparação com a comprada para ele em 2016? Será que ele vai devolver o presente?

MoBa NePe Zinid – 24out2023