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Juninas

Junho chegou… E acabou… Para quem não gosta de barraco, mas de barraquinha, a hora de sentir o cheiro bom do quentão, da canjica quentinha e doce, com coco e amendoim – ou não – (purinha também é boa!), foi estendida por todo este mês.

As cores alegres do chitão balançando nas vestes, misturadas com rendas e fitas; chapéus de palha roçando a borda das saias durante as danças animadas, ritmadas e fazendo lembrar as danças de salão europeias de antigamente, enchem os olhos e animam a alma de cada um de nós nesse período festivo.

Eu gosto de festas juninas; da alegria que transmitem! Da representação da fartura advinda das colheitas de milho, estampada nas iguarias à base desse grão; a espiga cozida com um pouco de sal, salpicada de manteiga ou não; a pipoca estourada há pouco, ainda quentinha, salgada ou doce; a pamonha animando a festa com o seu porte para satisfazer as barrigas insaciáveis, deixando apenas a amarração da palha e esta última sobrarem no prato ou na mesa.

As brincadeiras em volta das fogueiras, os verdadeiros folguedos que animam há séculos jovens e idosos. A misteriosa passagem sobre as brasas sem queimar a sola dos pés. Parece magia! Tive uma tia que fazia isso! Só de imaginar eu sinto uma queimação por dentro, mas é de nervosia!

Mês abençoado com Santo Antônio, o santo casamenteiro e que guarda consigo tantas simpatias quantas vontades inúmeras de serem por ele casados ou casadas… São João, São Pedro… É santo para todos os gostos. E gosto é o que não falta durante os trinta dias corridos e de nos fazerem gingar tanto neste mês animado, com safona, com triângulo, com cantoria e muita comilança.

Eu gosto do mês junino, porque marca a metade do ano. Depois que este mês termina, parece que o ano voa… Ano passado, junto com meu irmão e a companheira dele, fomos a uma festa junina de uma famosa igreja católica de minha cidade. Mas foi a coisa mais sem graça para mim, pois chegamos quando as barraquinhas ainda estavam sendo montadas e nem tinham preparado os comes e bebes. Já este ano, por compromissos acadêmicos, eu me abstive de participar da festa dessa mesma igreja. Espero que tenha sido muito boa! Tanto quanto deve ter ficado no ano passado, depois que saímos de lá, exatamente na hora em que as pessoas começavam a chegar: no início da noite.

Se eu soubesse dançar bem, a quadrilha seria uma de minhas preferidas. Acho divertida e tem uma narrativa que sustenta os movimentos (ou deslocamentos) dos pares que fazem toda a encenação. Os gritinhos quando o marcador da quadrilha grita: “Olha a cobra!”, lembram mais um bando de maritacas em sintonia com o melhor achado: frutas maduras, prontas para serem consumidas.

O fato de eu não ter ido a nenhuma festa junina este ano, parece me autorizar a participar das festas julinas, expressão mais recente e que retrata uma sutil mudança social, no intuito de ampliar aquilo que é bom. Parece com o que foi feito em relação à semana de carnaval que, recentemente, em cartazes, li: “Mês do carnaval”. Divertido pensar que junho e julho compartilhem da mesma empolgação cultural; enche-me de esperança de que dias melhores virão; sejam acompanhados de cachaça ou de quentão! Risos!

Sendo assim, por que não dizer: “Boas festas julinas!”?

MoBa NePe – 30 de junho de 2023.