Phereoeca uterella
Esse é o nome científico de um pequeno inseto que tem me atormentado aqui em casa. Moro na casa velha na qual moraram minha avó, um tio e, também, a minha mãe. Como alguns sabem, essa casa já passou por reformas. Uma em 2013; outra em 2018; uma terceira em 2021 e, a mais recente, 2024-25. Todas essas reformas, com suas extensões e alvos pontuais, visando, sobretudo, a melhoria da moradia.
Mas a umidade do quintal e do jardim afetam, de alguma forma, a casa. E a umidade é um dos elementos favoráveis ao crescimento e à manutenção desse bendito inseto aqui dentro de casa. Outra fonte positiva é a presença substancial de pelos dos quinze gatos por todo o ambiente, em que pese a faxina feita duas vezes na semana e a minha vã tentativa de manter a casa limpa nos demais dias.
O pior da existência desse inseto, conhecido popularmente como traça-de-parede, é que se alimenta também da fibra de tecidos e de papéis. Eu tenho tanto um quanto outro em razoável quantidade aqui em casa. Daí o resultado é que fico estressada toda vez que vejo uma. Em que pese o nome e o sobrenome, que dão um ar de grande importância ao bicho, pego, espremo ou, simplesmente, jogo dentro do vaso sanitário. É uma luta em vão, porque elas se reproduzem velozmente, voam antes dessa fase de larva e, por conseguinte, são inúmeras, pelos diversos espaços da casa nos quais encontram o habitat perfeito para sua existência, enquanto atormentam a minha.
A minha sorte é que há algum tempo minha cunhada trouxe para mim um litro de um produto que é um arraso na eliminação desse tipo de inseto. Mas é líquido e, infelizmente, não posso borrifá-lo sobre os meus livros na minha biblioteca. Apenas noutros espaços; o que já ajuda bastante. Todavia, o produto tendo sido usado sem parcimônia, acabou justamente agora, nesse período chuvoso, em que os móveis mofam, as roupas dentro deles igualmente mofam… E as traças-de-parede surgem como por um passe de mágica em paredes ou piso, onde se camuflam, meio que camaleonicamente, ficando quase invisíveis. Não fosse pelo sutil movimento que empreendem vez ou outra, ficariam imperceptíveis, de fato. E eu, com os dedos em pinça, pegando uma depois da outra para destruí-las antes que elas destruam os meus amados livros ou as minhas roupas cotidianas ou de festa.
Nessa luta, embalde tento vencer o invencível: o que foi programado por Deus para resistir aos percalços e ao que houver de mais temível: a destruição do homem daquilo que há na natureza. Mas como manter o equilíbrio, se as lagartixas que são os predadores naturais desse tipo de inseto, são mortas por meus gatos? Caçadores por natureza, eles não deixam mais nenhuma lagartixa viva aqui dentro de casa. O desequilíbrio na cadeia alimentar se instaurou e, com isso, quem está pagando o pato sou eu.
A solução que encontro, no momento, é pedir para a minha cunhada mais um litro daquilo que arrasa com esse tipo de inseto. Posso até não dar um jeito na cadeia alimentar, porque não conseguirei reproduzir lagartixas ou transportá-las para meu lar; mesmo porque, se eu o fizesse, seria para que fossem mortas por meus gatos; mas posso seguir protegendo minhas roupas (para não sair por aí lançando moda com furinhos no lugar de poás) e, principalmente, meus amados livros.
Outra possibilidade é minimizar pelos, fibras, cabelos e afins que favorecem a produção da “roupagem” dessa fase de larva desse tipo de inseto. A Phereoeca uterella que se cuide, porque neste ano de 2025 vou forçar a migração dela para os Estados Unidos e ela que se vire por lá. Afinal, ela não precisará dominar a língua inglesa para ali sobreviver; bastará se infiltrar onde lhe aprouver e isso ela sabe fazer muito bem!
MoBa NePe Zinid – 05 fev. 2025.